[De Frente]

Esta é uma série de retratos de utentes da Unidade de Cuidados Continuados, Lar de Idosos e Centro de Dia da Santa Casa da Misericórdia de Mora, que tiveram origem numa atividade desenvolvida em Agosto de 2015. A iniciativa enquadrou-se no cumprimento do plano de atividades pontuais do Núcleo Lúdico-Ocupacional da Santa Casa da Misericórdia de Mora, tendo como objetivo a comemoração do dia mundial da fotografia.

Por várias razões, tenho excelentes memórias do dia em que se desenvolveu esta atividade: a alegria com que os utentes aderiram à iniciativa, o clima de colaboração e entusiasmo com os colegas envolvidos e sem deixar de destacar a presença e acompanhamento desta sessão pelo meu amigo e fotógrafo Hermano Noronha.

Deixo em baixo uma reflexão, que o Hermano teve a gentileza de me enviar para acompanhar este trabalho.

Ser-se imagem é ser-se outro, na forma de um objecto apresentado ou reapresentado.Essa é a ferida que justifica que a fotografia da mãe Barthes no jardim de inverno seja mantida escondida ao olhar do leitor (Barthes, 2010 ,84) uma vez que, para os outros, essa fotografia não passa de mais uma entre outras tantas, não fere.

Se uma pessoa é corpo e pensamento já a sua fotografia é somente objeto. Um objeto que repete o objecto vivo como seu duplo, um índice que pode testemunhar um corpo ausente ou “perdido” (Belting, 2014, 12) enquanto que, ao mesmo tempo, o torna simbolicamente presente.

Hermano Noronha

Barthes, R. (2010). A câmara clara. Lisboa: Edições 70 Lda.

Belting, H. (2014). Antropologia da imagem, Para uma ciência da imagem. Lisboa: Imago.